segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Toda tortinha

Miguel me vê toda torta tentando administrar a maior distância entre mim e a tela do notebook que favorece o espaço que tenho para colocar os livros de estudo e a distância reduzida desse espaço para não ter que me esticar tanto em busca das teclinhas do teclado. Ele me vê assim, toda tortinha, e no dia seguinte aparece em casa com uma sacola preta dos chineses com algo retangular dentro, o que parece ser um.... teclado com fio USB. Meus problemas acabaram. A partir de agora é só substituir o teclado pelos livros e vice-versa. Sendo assim, o mais útil do momento ganha direito ao espaço nobre da mesa. E porque então, mesmo podendo lançar uso dessa solução inédita, mágica e supimpa, eu continuo tortinha buscando as teclas lá do teclado mais distante, como se não houvesse outra forma de digitar? A resposta poderia ser super complexa, no entanto, ela se resume a não enxergar o novo. Eu simplesmente ignoro que a situação mudou e continuo, igualzinho a antigamente, a me comportar do jeito que sempre fiz e que estou acostumada. A maior maravilha é que de repente me dou conta que tenho o teclado novo e, com muita alegria, me ajeito confortavelmente na cadeira, encosto minhas costas sentindo alívio e com um mini sorriso continuo a fazer as teclas cantarem. Fazer diferente requer prática para que o diferente vire costume. E o maior desafio é a prática de fazer com que alguns costumes virem passado e lá vem o diferente de novo apontando como uma luz de navio em auto mar. Experimente, saia da zona de conforto, encare o inusitado, o novo, o diferente e corra riscos. O mundo não aceita mais planos de longo prazo porque o prazo do mundo diminuiu. As mudanças são incertas, incalculáveis e podem ser tão surpreendentes quanto a falta d´água em estados do sudeste. Sair correndo na rua gritando que era momento de chover não resolve. Mudar hábitos, jeitos de ver o mesmo, posturas diante dos hábitos pode ajudar. Correr e gritar nem tanto.