sábado, 28 de fevereiro de 2015

Minha mãe!

Algumas pessoas bebem algumas cervejas ou algumas taças de vinho e querem fazer inúmeras coisas as quais o horário aqui não me permite citar. Eu também já tive esse momento. Mas hoje foi diferente. Após algumas tentativas de digitar login e senha em vão, eu consegui acessar à minha página em branco. E parece que isso é tudo o que eu preciso na vida. Uma página em branco. Pronta e disponível para o meu recomeço. Eu não sou uma pessoa só. Mas, definitivamente, sou a pessoa que nunca esquece o "asdfg" do teclado, mesmo na sequência de algumas taças de vinho deliciosamente branco. Impressionante. Não conseguiria ir em linha reta do escritório da minha casa até o quarto, mas as sequência das letras desse teclado não saem da ponta do meu dedo. Deve ser o destino me dizendo que ainda serei um escritora bem famosa! E se eu não for uma escritora bem famosa nessa vida, não tem nenhum problema. Eu já sou tanta coisa, que ser uma escritora bem famosa seria simplesmente algo para massagear o meu mortal e inútil ego.
Eu sou uma excelente filha da minha amada mãe. Eu hoje, depois de muitos e muitos anos, consigo ter a mesma relação que tenho com minha mãe do que na idade de uns 10 anos de idade. Eu chutei a idade porque sou uma pessoa sem memória para números. Mas eu me lembro como se fosse antes de ontem, quando eu chegava de algum lugar que tem grandes chances de ser a escola e, ao tocar a campainha, encontrava aquela mulher linda, saída do banho, com um vestido de gola na altura do joelho e com botões na altura do peito. Eu nunca vou me esquecer dessa cena. Eu chegava um pouco ofegante ao quarto andar de um prédio de escadas e ela abria a porta pra mim. Ela me abraçava e me dava um beijo. Nossa, quanto amor. Que sensação maravilhosa é poder ter na minha memória a cena do amor. Ela é a representação mais plena do puro amor. Ela ouve as minha estórias, os meus casos, as minhas aventuras, as minhas derrotas, as minhas vitórias e até mesmo as minhas invenções, sempre com um ar de defesa do meu ponto de vista, do jeito que eu pensei e da minha razão. Mesmo que eu não a tenha. Ela é minha, sempre minha. Eu acredito muito na vida. A vida me ensinou tanta coisa. E como eu errei. Graças a tudo o que é mais sagrado, eu errei muito. Eu não fui certinha. Felizmente eu não fui. E, esse felizmente, se justifica por ter dado a oportunidade de ter aprendido muito com quem foi mais lúcido do que eu em momentos que eu não optei por ser convencional. Minha mãe sempre acreditou em mim. Sempre. Mesmo quando nem eu mesma achava que eu era capaz. Existe algum amor no mundo maior que esse? Não existe! Eu digo e afirmo isso no auge da minha insensatez. Minha mãe, meu amor, a doação constante e incessante de vida, de crença, e, minha fã número um.
Meu eterno exemplo de doação, de doação e de doação. Eu te amo! Obrigada por me amar tanto assim!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Ciclovida

Uma ciclovia foi sinalizada, equipada com cones e homens, faixas e cores, sorrisos de bom dia e ficou bem bonitinha. Ela tem um caminho traçado, protegido e previsível. É seguro. Depois de subir a rua, dobrar uma ou duas esquinas e enxugar o suor que a ladeira me deu, eu pego a bike na estação do Itaú. Faço questão de dizer a marca porque é uma das melhores campanhas de marketing que já vi. Acesso o aplicativo, libero a bike, coloco minha bolsinha de ciclista na cestinha e vou seguindo os indícios que me levavam a crer que atravessar a Avenida Paulista pelo chão vermelho da ciclovia seria o mais indicado. Segui até o fim e fiquei super empolgada com a possibilidade de descer o túnel e pegar a Avenida Rebouças. Empolgação vai pro nível zero quando a ciclovia faz uma contida curva e eu me vejo fazendo o retorno para a Avenida Paulista. Eu me esforcei para ficar ali, mas iria voltar para casa com a sensação de frustração que eu não queria. Querer é poder e não querer chega a ser mandato vitalício no controle do rumo da vida. Atravesso a Avenida e saio da ciclovia. A sensação de liberdade toma conta de mim e a partir dali eu decidiria o meu caminho. Lindo! Desço a rua até o final e visito um oásis verde e calmo. Aranhas, gente, cachorros, gente que senta pra conversar, mendigos que deixam os seus castelos de papelão para passear de mãos dadas e bikes que giram seus pneus procurando a direção contrária do vento. O caminho é meu. Eu subo, desço e desapareço. Apareço na estação do Itaú que me convém, devolvo a bike e sigo minha corrida de vinte minutos até que as ruas se tornam familiares. Digo bom dia ao porteiro, abro as janelas do ap e sigo estudando custo de oportunidade em economia.