sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A menina Guenever Filha

Hoje assisti uma parte da entrevista da Danusa Leão feita pela Ana Maria Braga e me chamou a atenção quando a Danusa disse que todo mundo deveria escrever. Ela ressaltou como seria bacana que sua neta achasse um caderno no qual você escreveu hoje daqui a cinquenta anos. Comecei a imaginar o que minha neta pensaria de mim. Acho que ela iria pensar que não regulo muito bem. Já fui e já voltei, já fiz e quis voltar atrás, mas tive que esperar. Já chorei, me arrependi, me orgulhei, me descabelei, já quase morri de rir. Já falei o que não deveria, já estive na hora e no lugar errado, já cheguei na hora certa, já saí tarde demais. Já deu tudo errado e já me orgulhei por ter acertado. Já aconteceu um pouco de quase tudo e já houveram dias que tive a impressão de não ter feito nada de útil. Acho que minha neta iria pensar que dei volta demais para chegar num caminho que tinha atalho. Como papel de vó é botar no colo e contar estória eu iria ficar feliz em deixá-la sabendo que os atalhos sempre estiveram lá, disponíveis e na verdade eles estarão sempre ao nosso dispor. No entanto, existe também o comichão do desconhecido. O atalho pode ser o mais rápido, porém, o que pode ter atrás daquele muro, daquele monte de mato e o que tem lá no final daquela estrada esburacada? A viagem mais longa pode ser mais excitante e o atalho continua lá, paradinho, esperando por nós. Há escolhas e cada uma delas são feitas por um motivo só nosso. O atalho é mais prático e objetivo e, sendo bem sincera, ele faria parte dos meus conselhos. E é por isso que minha neta iria pensar que eu estava caducando quando achar meu caderno. Até imagino a menina Guenever Filha pensando alto: pra que tudo isso para isso? Porque não foi pelo caminho mais fácil minha vó? E eu não tenho resposta. Talvez porque eu errei, talvez porque queria remar contra a maré e talvez porque fácil, ou menos fácil, alguns caminhos saltaram na minha frente como um taxi em dia de chuva.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

oração

Oração, dentre outras coisas, é um mantra que aprendemos a repetir e, na maioria das vezes, repetimos sempre que estamos conectados de alguma forma com nosso lado menos materialista. A ensinada pela minha mãe e minha preferida é essa abaixo:

Obrigado senhor
por mais um dia que me daste
Pelo alimento à minha mesa
Pelo bem que eu soube praticar
Pelo mal que eu sobe evitar
Por creer em ti
Por amar a tua igreja
E porque me deste a fé
Me alimentas a esperança
Por tudo emfim
Obrigado senhor

Não sei porque mas enquanto escrevo tenho uma sensação que há um erro em cada uma das frases. É uma fala que costuma vir automaticamnte à minha mente, no entanto nesse momento tenho a impressão que deveria ter praticado mais ao longo da vida. De qualquer maneira, hoje repito o mantra agradecendo de verdade ter o que comer, a quem amar e de quem sentir responsabilidade de felicidade atribuída a meu desejo de ser plena, realizada e provedora de outras vidas que farão parte da minha muito em breve.

Assim seja.

Amém

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Tipos de insônia

Eu me lemnbro que quando eu tinha uns doze anos e mudamos para São Paulo eu fiquei entusiasmadíssima com a quantisdade de novidades que iriam aparecer na minha vida. Eu iria ter novos amigos na escola, na vizinhança e no clube. Eu sempre amei uma novidade. Exatamente por isso e por um excesso de coragem um tanto quanto inconveninte em algumas situações que felizmente ou não eu me aventurei mais do que a minha maturidade de hoje julgaria sensato. A mudança de cidade na minha adolescência não foi tão bemvinda para todos da minha família quanto aparentemente se mostrou para mim. Algumas adaptações levam mais tempo e geralmente quanto maior o tempo mais firme os dois pés ficam no chão. Raiz que não se fixa o vento leva e a queda quando o vento parar de soprar pode doer um bocado e o roxo pode demorar para sumir. Alguns ainda deixam marcas. Quando as pessoas estão em processo de adaptação elas podem ficar um pouco tristes. Quando amamos queremos comemorar juntos. E quando não se tem o que comemorar podemos perder o sono. Tá aí um tipo de insônia. Outro tipo de insônia é o que estou tendo hoje. Quero curtir o som da Adele, tive uma idéia bacana para a aula de amanhã, tem um filme legal passando e tenho leitura atrasada. Lembra do menino do post anterior que disse que odeia dormir? Pois é. Essa minha insônia dessa noite está gritando na minha orelha que tem um monte de coisa legal para fazer acordada e que esse lance de dormir não tá com nada. E amanhã? Criança não tem nenhuma preocupação com algo diferente do agora. Como quando tenho fome, durmo quando tenho sono e brinco na piscina imitando tia Cica boiar quando tô afim. Pena que eu tenho noção do sono que vou passar amanhã. Seria bom se eu não tivesse essa noção, igualzinho Vivi, Caio e Davi.