sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Na hora da foto o vento bateu.

A gente na vida faz pose, quer sair bem na foto, tenta manter tudo debaixo de nossas asas com controle sublime da ilusão da prevenção de problemas. Tudo isso pra bater um vento bem na hora do clique. E aí descabelou. Sorriu. Ficou bom? Acho que sim. Deixa como estar. É o momento registrado como ele foi. E foi muito bom. Foi bacana não estar cada fio no lugar e nem ter que consertar nada. Dá pra sentir o cheiro do mar pela foto. Dá pra lembrar da alma desse dia. Essa foto descabelada traduz um jeito de não ligar muito pra tudo e muito pra algumas coisas que devem sim ficar no lugar delas e do jeito que se quer. São extremos, algumas loucuras, algumas distrações e intensidade à flor da pele. Fazer ou não fazer nada é sempre uma opção. E que seja entregue. Que seja bom. Que seja doce.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Olhar tem ângulo

Essa aqui não tem espaço para fotos. Não sinto que a imagem retrata o sentimento e o apavoramento de não ter exatamente um algo a mostrar ou a dizer assim tão óbvio, tão explícito. Há sim algo a sentir. É o sentir da perda do que de verdade nunca se teve ou também a dúvida do que é ter quando o que mais importa é ser de corpo e alma. E pensando bem, o desejo do ter pode ser bastante traiçoeiro, efêmero e dolorido. Tem-se algo por um momento e não há a certeza do quanto esse momento irá durar. Viva, se entregue, não seja muito seguro e nem muito inconsequente. Ria de si próprio, seja exatamente quem você tiver vontade de ser. Nada pelo meio do caminho, nada contido, nada morninho. Nada que possa parecer o jeito certo para todos menos para o seu coração. Muitas vezes o olhar por outro ângulo, sob outra perspectiva, o experimento do diferente salva alma do mofo do mesmo. Você se torna alguém de quem você se orgulha. Um brinde à vida e tudo aquilo que nos tornamos ao longo dela.

sábado, 2 de julho de 2016

Fica mais um pouco!

Fica mais um pouco pra gente conversar mais. Você ainda não me ensinou tudo e eu nem tirei todas as minhas dúvidas. Nem todas as unhas foram feitas e nem ganhamos ainda todos os jogos de tabuleiro. Faltam muitas festas no quintal ainda e faltam muitos casos das gêmeas pra contar. Fica mais um pouco para eu aprender a fazer escova no seu cabelo, pra eu ainda conhecer alguns dos seus amigos que trabalham com você lá no Fórum. Fica só mais um pouco pra gente inventar umas brincadeiras novas, se esconder naquele quartinho depois daquela saída secreta lá da cozinha da casa da sua mãe. Fica mais um pouco pra gente ir pro Iate e nadar na lagoa da Tia Sônia. Ah, você não podia ter ido embora assim sem me avisar nada, sem nem me deixar falar que eu te amo muito e que eu queria muito que você ficasse mais um pouco. Você tinha que ver o tanto que a Nina cresceu e você nem iria acreditar que ela já é mãe. Você iria ficar boba de ver como a Gigi está lindona toda fitness e nem parece aquele magrilinha de antigamente. Queria que você me ouvisse e soubesse que hoje eu queria muito voltar no tempo e gritar com você pra você ficar mais um pouco, porque parece que só assim você iria me ouvir. Você e sua teimosia de querer ir embora cedo. Ai ai viu Dadá! Só você mesmo... Te amo!

domingo, 22 de maio de 2016

Espinhos maneiros

Quando venho aqui disposta a escrever boa coisa não é. Pode até ser que esteja transbordando de felicidade e muitas vezes foi assim mesmo. Escrever para compartilhar o sentimento de tamanha alegria que não cabia dentro de mim. Alegria que por sinal já foi duvidada, dita como máscara, como uma cortina que tenta abafar a fumaça do incêndio que destrói, queima e não deixa nada além de cinzas. O interessante de tudo isso é que eu pelo menos não cheguei a ouvir a pergunta genuína que tanto acalma a alma e que puxa uma cadeira com paciência de monge para escutar a resposta se eu realmente sou felizona assim no volume da minha risada. Mas deixa isso prá lá e vem pra cá que tem estória sem h. Sou felizona quando estou felizona, triste como um pardal sem ninho quando no meu caminho não aparece uma coisa bem radical para eu chamar de minha e assim meio sem rumo quando o bicho pega e quando o circo pega fogo. Já fiz coisa legal pacas na vida e se ainda não tiver atingido a minha cota de coisas supimpas posso até quem sabe ganhar uma vida pra chamar de minha. Enquanto isso me divirto quando dá e quando deixam eu ir na esquina sem lenço e sem documento e sem um pedacinho do que não é meu.
Apesar dos dias mais irados que me fizeram preencher essa página de letrinhas grudadinhas formando palavrinhas que mesmo sem grandes pretensões causam algum impacto por aí, hoje é um dia mais brocoxô. E eu já ouvi o porquê de hoje ser um dia menos daqueles, mas na verdade eu não dei muita atenção. Talvez seja um se fazer de vítima, fazer drama ou um teatrinho de fantoches, mas no fundo do meu coração acho que é stress. Admito. Talvez pela primeira vez na vida eu vou admitir que sim, estou fazendo drama. Eu já ouvi alguém dizer que se estiver cansado simplesmente descanse e que depois de matar a fome ela está morta, não existe mais. Simples assim. Dormiu, descansou e pronto, segue em frente e vai que vai. Ah, eu sei que isso é a coisa mais politicamente correta de se pensar e o jeito mais certinho e bonitinho de agir. E sempre vem um "mas" para colocar tudo a perder. Mas ele tem que aparecer para deixar bem claro que não é bem assim quando a gente quer que não seja. Estou cansada sim, um cansaço que não vai embora com o sono e uma vontade bem grande de ter tempo livre para viajar, para sair pra dançar, para ver e fazer amigos, para ir ao teatro municipal e ver um balé clássico além de um tempo para ir ao jongo. Vontade de tudo isso, adicionado ao pulo de paraquedas, a viagem de 4x4 pela trilha nível médio que me deixa na cachoeira nível top. E falta de muita paciência para ter força de Huck para mesmo sem ficar verde de raiva esperar o tempo que só vai chegar quando ele quiser. E quando ele chegar eu vou colher os frutos do que nem parece que foi eu que plantei mas que no fundo no fundo, mesmo que a quatro mãos, eu tenho uma convicção forte que pode ser temporariamente o meu presente. E que esse galho venha com espinhos maneiros.

domingo, 10 de abril de 2016

Reciprocidade rumo à Felicidade

Ontem eu ouvi de uma senhora atleta da natação no alto dos seus 90 anos umas coisas que me impactaram muito. Desde criança eu fico cantarolando aquele refrão "Viver e não ter a vergonha de ser feliz....". Eu sempre me joguei na vida, as vezes quase sem proteção nenhuma com o único objetivo de buscar o que me fazia feliz. Fui e voltei, desisti e recomecei, arrisquei e nem sempre petisquei e assim fui envelhecendo e me tornando de certa forma mais experiente. Hoje até dou uns conselhos para o povo mais novo!!! Olha só que petulância! E ousadia é o que não falta à essa senhora atleta do começo do caso. Ela é mãe de duas moças, tem netos, se casou e viuvou apaixonada e me ensinou em uma reportagem de TV um grande motivo para se considerar muito sortuda. Amor correspondido! Ela amou muito o marido e ele a ela, ela ama muito as filhas e as meninas a ela, ela ama muito os netos e eles a ela e para finalizar, ela disse que não tem medo de morrer porque não tem medo de dormir e as duas coisas são iguais, só que um deve ser mais longo. Ela disse que tem pena de morrer. É como se estivesse tão legal brincando na rua com os amigos e quando anoitecesse a criança tem que ir pra casa e fala baixinho: Ah, que pena que acabou! A sensação é a mesma. Ela ainda adiciona uma pitadinha de pena por magoar as filhas e os netos porque todos são muito unidos e eles vão sentir muita falta dela. Mas aí, na opinião dessa senhora, talvez seja a única vez que ela irá magoar a família, mas que dessa vez, ela não poderá fazer nada para impedir. Eu vou demorar um tempo para me esquecer que ser amada por quem eu amo já é um motivo de sobra para ser muito, muito feliz. E antes que eu me esqueça, ela tentou me ensinar uma coisa, mas chegou atrasada. Tia Cica já tinha me ensinado a boiar de costas na piscina olhando o céu e falou bem baixinho no meu ouvido que essa era a única forma que ela tinha encontrado de não pensar em absolutamente nada. Eu quase que consigo fazer igualzinho à minha eterna tia Cica. Mas não dá pra não pensar em o quanto eu queria que ela ainda existisse e no amor imenso que eu sinto por ela até hoje!

sexta-feira, 11 de março de 2016

Isso me cheira muito bem

Tem cheiro que não tem explicação e, apesar de ter um valor imensurável não é engarrafável. Felizmente ou não a única forma de estocar é preparar bem a memória com joguinhos de revistinhas da banca mais próxima, cuidar bem dos movimentos não repetitivos e dos caminhos não previsíveis que ajudam a mente a se manter eficiente e sã por mais tempo. E o tempo vai passando, o coração vai apertando e a sensação de dúvida desespera. Será que eu vou um dia na vida esquecer do cheiro que hoje me tira uma tonelada das costas, me alivia as mais graves tensões, me renova as esperanças, me dá certeza do significado de compaixão e me faz completamente feliz por um momento tão curto quanto o tempo que o cheiro não deixa de ficar impregnado nas minhas narinas. É o cheiro deles. Os maiores amores que eu já pude sentir nessa vida inteirinha. É amor diferente do amor do meu amor. É amor diferente do amor da Flor. É amor diferente do amor que eu sei que tem dentro do coração de alguém que nem sempre me mostra a real forma de amar e de ninar e de acalentar ou de tudo isso bem juntinho e misturado. É amor que não se mede, assim como já dizia o som. É amor que dá a certeza que se tudo na vida der muito errado tudo ainda continua muito, mas muito certo mesmo. Mais certo que o incerto. É cheiro de aconchego, de paz, de certeza que para tudo se dá um jeito e de que juntos venceremos. Daqui pra frente palavras perdem totalmente o seu papel e de fundamentais se tornam tão descartáveis quanto o tempo que eu possa perder ou ganhar tentando explicar o quanto o cheirinho de amor do meu papai e da minha mamãe me fazem bem. Obrigada vida por ter me privilegiado tanto! O resto é brinde e grito para o mundo inteiro ouvir que eu tenho os mais fofos, honestos, dedicados e lindos pais do planeta!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Não é típico de mim e não é por isso que as pessoas me reconhecem, mas os últimos dois dias deram o que falar. Tira tudo do lugar, seleciona, escolhe, decide, volta nem tudo para o lugar e segue para o próximo espaço. Tudo que fica tem que ficar e tudo que vai tem que ser encontrado por quem tem destino certo a dar a tudo aquilo. Pode ser que dê certo e pode ser que não tenha dono para esse tudo. O espaço amplia, o pó desaparece, o vento consegue soprar e dá aquela sensação que somente se prolonga ao respirar bem fundo e encher o peito de muito ar. E é vida que segue. Outro e outros dias virão para preencher novamente o espaço que se abriu e dar chance para o pó assentar-se mais uma vez. De tempos em tempos é tempo de não ignorar mais o pó que fica quietinho esperando um vento um pouco mais forte para se levantar e sair por aí fazendo estragos. Se o pó não estivesse por aqui, o estrago também não existiria. E os "ses" surgem como uma solução de um problema futuro de um tempo que já se foi e não está nem um pouco afim de retornar. Frente, pra frente, pra frente, frente, nossa vida vai. E vai. Eu não tiro o pó todos os dias. Quando me proponho a tirá-lo é muito bom saber que está tudo limpinho e muito bem cheirosinho. E quando tem pó eu só observo. O pó parado é a evidência que outras coisas mais importantes estavam sendo feitas. E se não for assim, algo não cheira bem e provavelmente é resultado de pó demais acumulado.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Quem desdenha quer comprar!

Aqueço as mãos esfregando levemente uma na outra e estalo os dedos como um pianista se prepara para produzir o som que encanta e emociona. O objetivo final de ambas realizações podem ser parecidos a depender das razões que cada um de nós temos para se entregar para aquilo que estamos acostumados ou apaixonados. E a diferença é grande. Sem julgamentos ou intenções de salvar o mundo de um mal que por definição do que venha a ser o ou não já é subjetivo a ponto de te fazer reler essa frase, quiçá esse texto desde o início, está faltando paixão! Paixão é o grito e não a voz calma, paixão é o alto e não o volume que agrada, paixão é o estouro e não o derramar sorrateiro, paixão é o exagero e não a medida certa do procedimento certo do planejamento que visa dar certo. Paixão, além de não ter explicação, não aceita os pormenores do porquê. Falta paixão no olhar, no perceber, no amar, no abraço, no beijo e no aperto de mão. E a consequência pode ser mais danosa que a lama que destrói as minas gerais. O excesso de conforto sem paixão enlouquece. A segurança que protege sem paixão aprisiona. O sabor da comida sem paixão adoece. E nos resta o excesso de paixão. O sangue entra em clima de maratona, desce a ladeira abaixo das veias em velocidade absurda e corre como se vencer fosse a única opção. O sorriso vem a tona com os sons que aos não apaixonados irritam. O brilho do olho ilumina e se hidrata das lágrimas de felicidade do gozo pelo amor à vida. Não espere que todos entendam, que todos apoiem e que ninguém julgue a loucura da paixão. E como já diziam os mais velhos, quem desdenha quer comprar.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

desequilibrado

Muitas vezes eu escrevo, escrevo, escrevo e termino o texto, o conto, o artigo, ou seja lá que nome for o que eu tenha escrito e quando paro de escrever e acho que terminado está, pego uma palavra que mais representa o todo e lanço como míssel no campo título. E às vezes faço exatamente o oposto. É o caso de hoje. Sem que o todo esteja definido e sem ter ideia de onde isso tudo vai dar eu sei que o que quero é falar, fazer pensar, desabafar, construir alguma reflexão a respeito do equilíbrio que buscamos e do desequilíbrio que somos. Muitos sabem do meu orgulho de ter nascido e ter sido criada no interior de Minas. Nem tudo foi maravilhoso e coisa pacas deve ter sido ruim pra daná, mas eu me sinto feliz em dizer que sou do interior, em não ter nascido no centro do mundo e em poder arrastar erre com orgulho de quem conquistou o seu próprio mundo, mas nasceu em Itaúna. Pois bem, o interior tem coisas que gente importante nenhuma entenderia sem ter ouvido atentamente. E uma das coisas é ter parentesco, ou ser vizinho, ou ter falado bem ou mal algum dia na vida dos donos do comércio todo da cidade. Os que eu me lembro são a senhora da ótica, o fulano de tal da loja que consertava relógio, o outro fulano de tal da pastelaria da esquina da casa da minha avó, o Renato do Rena Supermercados, o ciclano da loja de aviamentos da cidade e a moça que todo mundo cumprimentava da loja de sapatos do centro, sem esquecer da Márcia da padaria. Os nomes não me vêem mais à mente, mas eu me lembro dos lugares, dos rostos e até da minha paixonite pelo moço da locadora de vídeo. E assim vamos indo pela prainha afora, pela praça adentro, pela avenida da casa da tia e pela rua da casa da vó. E antes de ir adiante ainda há tempo para se espantar com o fato da amiga da minha tia de um desses comércios estar na creche. O mal de (ai meu Deus, não sei como se escreve) Alzaimer fez com que a memória recente dela fosse pro beleléu, mas ela se lembra muito bem do passado. E a melhor amiga dela hoje tem cem anos. E ela vai todos os dias de van para a creche. Ela não tem netos. Ela não deixa ninguém menos do que ela própria por lá. Passa o dia, conversa, se entretém e volta pra casa e para os cuidados da filha no final do dia. Não estou certa se há muito desequilíbrio nessa rotina ou se está tudo equilibrado, sob controle, armazenadinho na gaveta certa. Não tenho certeza das escolhas que cada um dos personagens dessa série de TV fizeram e não sei muito bem o que se passa na cabeça esquecida da elegante jovem da creche. A rotina de cada um de nós não é nada além do que a rotina de cada um de nós. Nada complicado ou exótico porque rotina é rotina. E não há nada de muito especial em rotina nenhuma. O especial tende a ser aquilo que encanta a rotina, que surpreende o dia-a-dia e que nos dá alegria. Comprar um batom novo pode ser muito especial, comer uma comida gostosa também e dar um dedo de prosa ao doido da rua pode fazer um bem danado. Você é quem sabe o que é especial para você, e, se não souber busque se conhecer mais e melhor. Mais cedo ou mais tarde você vai precisar saber o que te faz bem e o que é especial pra se fazer mais feliz. E nunca se esqueça. Não se equilibre ao ponto de não sentir o frio na barriga quando o dia do desafio estiver se aproximando. Não se esconda atrás de você mesmo das dificuldades, dos problemas, das possibilidades de ofensas, dos insultos e julgamentos aos quais todos nós estamos sujeitos. O mais legal da creche é ser você mesmo e conviver com um monte de outras pessoas que vão te irritar, te amedrontar, te insultar, te alegrar, te fazer pensar e te desequilibrar por alguns instantes ou pela maior parte do tempo que você conseguir lembrar ao descansar os seus sonhos no final do dia.