terça-feira, 11 de agosto de 2015

Lemas e dilemas

Algumas pessoas estão diante da parte preta da bola e as enxergam assim. Bem preta. Outras estão olhando para a parte branca da bola e estão certas de que a bola não é e nunca foi preta. Algumas outras pessoas estão bem ali na divisa e enxergam a metade preta ao seu lado direito e a branca ao seu lado esquerdo. E os demais não concordam que a parte branca da bola esteja ao seu lado esquerdo e sim, ao lado oposto. Há alguém errado quando temos a visão do todo e sabemos que a bola tem duas metades sendo cada uma delas de uma cor e além disso, sabendo que o que cada um vê é realmente o que é possível ser visto naquela respectiva perspectiva? Todos estão certos a partir de seu prisma. Eu fui criada e até hoje sou sob o lema de termos que aceitar o outro como ele é. A parte da bola que eu consigo enxergar é que se todos me aceitarem exatamente como eu sou eu nunca vou ter estímulo nenhum para mudar. E a vida vai ficar uma chatice. Eu também fui criada sob o lema de não fazer aos outros o que você não quer que façam a você. Eu não quero que ninguém me aceite como eu sou. Eu quero que me tirem da zona de conforto, que me surpreendam, que me sacudam e que me mostrem de muitas diferentes formas que temos inúmeras formas de pensar, de agir, de amar, de sonhar e de nos sentirmos bem, ou mal. E é nesse momento que os dois lemas que foram base da minha criação entram em choque nos meus pensamentos. Não dá. Eu não me aceito como eu sou. Eu somente me amo. Mas não quero me aceitar do jeito que eu sou. Eu quero me incomodar. Eu quero me redescobrir e me aceitar de uma forma diferente para depois querer mudar de novo e me incomodar mais uma vez. E se eu quero tudo isso para mim mesma, imagina para as pessoas que eu tanto quero bem. Que maravilha que é se redescobrir, aprender o novo e o tão temível mudar! Nada mais incrível do que assumir o outro lado da bola e ver o mundo mais preto, mais branco ou mais preto e branco. Tudo isso é muito lindo na teoria. Na prática é feio. Lá vou eu me movimentar e sair da minha zona de conforto. Lá vou eu me expor diante de mim mesma e voltar melhor ou pior, mas diferente e consciente da necessidade latente de mudança. Vai ser incrível, mesmo que não seja bom em todos os momentos. O que não é bom faz a gente urrar de dor, mas tem que descer da árvore e encarar o mundo. E se escolher ficar na árvore vendo tudo de longe talvez possa se evitar a dor e quem sabe até o bote. Eu gosto do palco e não da arquibancada. Bora que o show vai começar!