sábado, 7 de novembro de 2015

Que seja bom!

De tempos em tempos, mesmo sem saber exatamente quanto tempo leva esse intervalo, pra mim é preciso parar. Parar de pensar, parar de olhar, parar de sentir, parar para comer o que eu aprendi a fazer, parar para limpar o que eu venho sujando à algum tempo por menos que eu saiba o que isso significa assim de forma bem específica na métrica mais comum da sociedade atual. Parar. Parar de julgar, parar de sonhar, parar de querer, parar de fazer, parar de conter, parar de tudo. Quase morrer. E como se quase morrer pudesse ser menos escandaloso do que o próprio dizer da frase que nem mesmo acaba de ser lida e já é escrachada pelo pensamento de quem considera pouco convencional que se queira quase não viver para depois fazer seja lá o que esteja por vir. É um parar sem querer que seja pra sempre, um parar para valorizar o ir, um parar para sentir devagar a volta a si. É pouco perceptível porque só pode acontecer quando não se é preciso ir para o trabalho, para a escola, para a venda da esquina, para a casa de quem quer que seja. Ninguém espera nada de você nesse dia. Nem a sua presença, nem a sua ausência, nem o seu bem, nem o seu mal. Você está totalmente indiferente para o mundo e aí a sugestão é que você pare. E que se enxergar seja positivo, sentir a velocidade do seu respirar seja produtivo, se olhar e se entender seja benéfico e que o medo de não saber o que você quer venha a tona e não seja engolido por todos os outros apegos que se tornaram a sua razão de viver, mesmo que muito distante do que você nem sabe querer, nem visualiza à frente, nem almeja de corpo, alma, mente e pulsar. Que primeiro o tempo da parada seja convertido em tempo da descoberta do que realmente te faz feliz de verdade e que depois a retomada tome rumo e que o rumo seja exercitar o planejamento do seu coração em direção ao alvo. E que você conheça o alvo antes de morrer, seja ele dançar flamenco, seja ele viajar para o Egito, seja ele morar na Austrália, seja ele ter um cachorro, seja ele ter um filho, ler um livro, ficar rico, ou plantar uma árvore. E se você descobrir que nada quer, que esse nada preencha o seu coração com o sentimento genuíno que o nada conquistado era exatamente o objetivo. E que a sensação de objetivo alcançado seja a razão mais do que suficiente para que a sua mente se acalme, o seu sentimento de felicidade não se acanhe e que todos se contagiem com a sua leveza, destreza e fonte de inspiração. Que você se ame muito e que seja bom!