sábado, 27 de dezembro de 2014

A minha resposta para a pergunta.

Talvez tenha sido a melhor das propagandas dos últimos tempos. Nenhum dado oficial, no entanto, sempre presente na minha mente. É uma pergunta. Aparentemente simples de ser respondida, embora a precipitação leve à superficialidade e não à reflexão almejada por mim. Algumas dezenas de coisas me fazem muito feliz. Para começar o meu coração não pode pular ao mesmo tempo que eu puxo o ar bem profundamente para encher meu pulmão como se ele fosse explodir. Quando essas duas coisas acontecem concomitantemente eu estou bem longe de estar muito feliz. Partindo-se do princípio que isso não está acontecendo e minha cabeça não está doendo, meu estômago não está enjoado e meu joelho não esteja latejando, as chances de eu estar muito feliz são enormes. A possibilidade de uma conquista me faz muito feliz. Conquistas com diferentes graus de complexidade, mas sempre conquistas. Conseguir alcançar o ônibus no ponto porque o motorista não acelerou para esperar por mim que ia correndo de sapato social, segurando a alça da bolsa e a pasta ao mesmo tempo é uma conquista e tanto. Chegar no trabalho no horário quando o metrô está lentinho por causa da chuvarada também. Conseguir ser aprovada nos estudos, ser de alguma forma elogiada por um projeto relevante no trabalho, ter uma ideia que todos achem brilhante me fazem muito feliz. Passar uma tarde com uma amiga do peito mesmo que não seja em Itapoan, passear de mãos dadas com meu amor, arrancar uma gargalhada de minha mãe e ter mais atenção do que um negócio de meu pai me fazem feliz demais! Stand up paddle. Stand - up - pa - ddle. Ficar em pé em cima de uma prancha e remar. Seguir em direção à marina e perguntar para o pescador no barco atracado a mais óbvia das perguntas merecedora da mais direta das respostas. Pescando o quê?......... Peixe! Gargalhada digna de abusos bahianos. Pois é, isso também me faz muito feliz. Aquela piscina logo após o Farol indo sentindo oposto ao que eu sempre venho também me faz muito feliz. Ela não foi descoberto por mim, não é exclusiva minha, acho uma gostosura chegar lá e encontrar alguém pra jogar conversa fora no mar e ainda assim, me faz muito feliz. O planejamento do inesperado! A esse sim, me faz sentir radiante! Visita o google maps, insere 3 nomes de cidade até o destino final, encontra um ônibus leito que percorra cada trecho da rota, preenche o cadastro, insere o número do cartão de crédito, espera a bolinha parar de girar e lá está! O planejamento do inesperado me dá borboletas do bem no estômago. Abomino a curiosidade de saber o que tem lá com a pergunta demasiadamente objetiva e simplista pro meu gosto. O que tem lá? Eu sei lá. E é justamente por isso que estou tão empolgada! Eu não tenho ideia do que as pessoas comem no dia-a-dia, da cor do uniforme que as crianças usam para irem à pé ou no lombo de alguma alma boa para a escola, do sotaque das pessoas no ponto de ônibus e do contraste com o do apresentador do jornal local. Eu não sei. E não saber é bom demais! Desperta a curiosidade de descobrir. Não me interessa o que me contem. Eu quero vivenciar. E no final das contas, vivenciar, experimentar e me aventurar é a minha resposta superficial para a pergunta: "O que faz você feliz?"

domingo, 21 de dezembro de 2014

Só pra simplificar a conversa

Negar uma conversar é coisa bem rara. As exigências para o papo não dar pano pra manga são altíssimas. Conversa de todos os tipos. As que ninguém me convidou, outras que me forçam a dar passos curtos para não perder o desfecho, as conversas de trem, de ônibus, de porta de elevador e as conversas de mar. O ideal é procurar uma boa quantidade de água calma circundada por pedras altas e um apoio qualquer pra sacolinha do dinheiro. Feito isso, caminha-se bem devagar nas pedras e quando achar a mais seca e mais alta, com um casal namorando por perto, atrapalha-se a concentração do beijo por três segundos e coloca-se os pertences ali, coincidentemente, como se tivessem donos bem por perto. Feito isso, percorre-se o caminho de volta pra areia com agilidade de quem fez algo errado. Pé na areia, vista para o cruzamento entre o céu e a água, foco e coragem. Um passo depois do outro e, no tempo de um piscar de olhos, os dois pés vão pra superfície da água provocando um ligeiro afogamento friamente calculado. A cena não é das mais lindas, mas nada que a inspiração da garota do Fantástico dos anos 90 não ajude. E lá está ela. Linda. Olhos pretos e os arredores também. O pelo branco com gordura entre a pele e a carne. Uma mancha preta ali bem na altura do rabo. Ele a chama de Cuba e ela o chama de seu. Nenhum minuto sem a visão do dono. Pepe mergulha e ela enlouquece, nada em círculos, deixa claro para quem quiser ver que ela está preocupadíssima com a desobediência do seu amado dono que desapareceu para o fundo do mar para caçar lagostas. E por falar em caçar, o outro esporte favorito de Cuba é a caça. Ela corre em zigzag atrás de codornas e perdizes e Pepe atira para que ela os abocanhe e o entregue o prêmio dos dois. Depois de assada, o prêmio continua sendo dos dois. Cuba se distância e nada até a margem. Anda em círculos na areia. A conversa tomou a atenção de seu dono que não se move e então, somente diante dessas circunstâncias, sem ver muita alternativa para o seu intestino inquieto, ela não disfarça e consegue que Pepe se sinta incomodado e saia da conversa para fazer a limpeza que ela se recusa a encarar. Já era hora de se apresentar, se despedir e dizer que nos encontraríamos por aí em breve. Pra simplificar a conversa eu não disse que eu amo a energia de Salvador, mas que ainda não é minha morada. Só pra simplificar a conversa, a cocker Florzinha sofre de infecções de ouvido as quais me impedem de levá-la para nadar no mar. Só pra simplificar aquela conversa, eu moro em Nazaré e conheço a referência do canil aonde os cães de caça são criados por ele. Provavelmente Pepe não desconfiou de nada. No entanto, não posso dizer o mesmo de Cuba.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Eu não sei o nome dele

Ele é lindo, mas estava chorando. Estava cansado porque acordou cedo hoje e foi de ônibus para a sessão de fisioterapia que fica na Barra Funda em São Paulo. Ele esticou os braços na fisioterapia, esticou as pernas e tudo isso cansa. E é por isso que ele começou a chorar. De um jeito engraçado, até. Como se quisesse falar. Falar ele não consegue. Andar também não. Ele usa uma cadeira de rodas que parece deixar o cobrador do ônibus bem preocupado. Tal preocupação fez com que o senhor gritasse para o motorista. Era um aviso. Anunciava que o ônibus não tinha mais espaço para cadeirante. O dono da cadeira tem quatro anos. Alguém diz que ele é o companheiro da mamãe. Esse mesmo alguém diz que é bom que ele tenha um irmão mais velho para ajudar a mamãe. E ainda complementa com um exemplo de sucesso de uma criança com sequelas que evoluiu muito com a força de vontade que tem para jogar bola. A uma certa altura do meu pensamento a mãe avisa ao motorista que vai descer no próximo. Seria menos complicado descer se as pessoas que estivessem com o olhar perdido percebessem que cadeira de rodas não se espreme para conseguir passar por entre elas no corredor. A ideia de descerem do ônibus para dar espaço para a cadeira passar, tarda mas não falha. Ele se vai e fica o conselho. Temos que agradecer todos os dias ao Senhor Jesus por estarmos vivas, por termos dois braços e duas pernas. A receptora da mensagem parecia bem entretida com o cabelo pra fora do chapéu para conseguir ter feito mais do que dar ouvidos à sua mãe. Hora de descer do ônibus e almoçar no restaurante chinês em frente ao ponto. Eu não precisei me espremer para passar no corredor porque o ônibus não estava lotado, mas bem que as rodas da cadeira seriam mais ágeis do que eu ao descer a rua. Quanto a agradecer o Senhor Jesus, ele deve se lembrar disso todos os dias.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Toda tortinha

Miguel me vê toda torta tentando administrar a maior distância entre mim e a tela do notebook que favorece o espaço que tenho para colocar os livros de estudo e a distância reduzida desse espaço para não ter que me esticar tanto em busca das teclinhas do teclado. Ele me vê assim, toda tortinha, e no dia seguinte aparece em casa com uma sacola preta dos chineses com algo retangular dentro, o que parece ser um.... teclado com fio USB. Meus problemas acabaram. A partir de agora é só substituir o teclado pelos livros e vice-versa. Sendo assim, o mais útil do momento ganha direito ao espaço nobre da mesa. E porque então, mesmo podendo lançar uso dessa solução inédita, mágica e supimpa, eu continuo tortinha buscando as teclas lá do teclado mais distante, como se não houvesse outra forma de digitar? A resposta poderia ser super complexa, no entanto, ela se resume a não enxergar o novo. Eu simplesmente ignoro que a situação mudou e continuo, igualzinho a antigamente, a me comportar do jeito que sempre fiz e que estou acostumada. A maior maravilha é que de repente me dou conta que tenho o teclado novo e, com muita alegria, me ajeito confortavelmente na cadeira, encosto minhas costas sentindo alívio e com um mini sorriso continuo a fazer as teclas cantarem. Fazer diferente requer prática para que o diferente vire costume. E o maior desafio é a prática de fazer com que alguns costumes virem passado e lá vem o diferente de novo apontando como uma luz de navio em auto mar. Experimente, saia da zona de conforto, encare o inusitado, o novo, o diferente e corra riscos. O mundo não aceita mais planos de longo prazo porque o prazo do mundo diminuiu. As mudanças são incertas, incalculáveis e podem ser tão surpreendentes quanto a falta d´água em estados do sudeste. Sair correndo na rua gritando que era momento de chover não resolve. Mudar hábitos, jeitos de ver o mesmo, posturas diante dos hábitos pode ajudar. Correr e gritar nem tanto.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A gargalhada e o sorriso

Raras são as vezes que começo a escrever um texto e apago e reapago o que já escrevi para escolher melhor as palavras a serem usadas. No entanto, o início desse texto está sendo escrito dessa forma. Isso deve ser reflexo da fase atual que estou vivendo. Estou escolhendo as palavras não somente na escrita, assim como na fala. Estou bem menos espontânea, bem menos sem seca e isso me trouxe mais tristeza. Eu ainda vou encontrar um equilíbrio saudável entre o barulho e o silêncio, a euforia e a serenidade, a gargalhada e o sorriso. E mais uma vez, o segredo da vida se manifesta. É preciso ter paciência e calma. É fundamental saber reconhecer o cansaço e descansar. Seguir em frente e não desistir. Ter paciência e se renovar a cada nova luz do nascer de cada dia. Determinação, força e avante!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Vida de pombo

Tem coisas que já aconteceram milhares de vezes, mas num belo dia aquilo chama a atenção de uma forma diferente. Um dia desses eu estava dirigindo e reparei no vôo raso e desesperado de um pombo que antes de notar que havia um pneu prestes a atropelá-lo caminhava tranquilamente pelo asfalto. O mais incrível é que pombo insiste em ficar na rua. Pensei em algumas teoria para justificar essa preferência, mas elas não se sustentaram. A probabilidade de encontrar migalhas na calçada é maior do que no meio da rua, um pisão de um pedestre parece menos assustador do que o peso de um carro e nem eu preciso atravessar de um lado pra outro com tanta frequência.
Nada disso teria qualquer importância se eu não tivesse por alguns segundos me colocado no lugar daquele pássaro renegado. Eu me exponho ao perigo o tempo todo porque gosto da adrenalina do inesperado e me encanta correr riscos sem consequências.
Até hoje meus vôos rasos não me causaram grandes prejuízos. É bem verdade que eles se tornaram bem menos frequentes nos últimos anos, mas ainda assim, surgem inesperadamente e tanto satisfazem uma atração pelo desconhecido, como deixam cicatrizes pela escolha de não optar por ir e vir na calçada.

domingo, 25 de maio de 2014

Quanto tempo vai durar o seu pacote de biscoitos?

Ser ou não ser, heis a questão! Ser certinho, dedicado, comportado e bem falado ou não ser? Ser cumpridor dos deveres, almejador do melhor, seja lá o que o melhor seja, entusiasta da boa fé ou não ser? Sei lá. Acho que fases assim são até aceitáveis. Fases em que o melhor e o pior parecem ser bem relativos. Viver na corda bamba que separa o lógico do proibido, o proibido do maltrapilho, o maltrapilho do ser e do estar feliz. Sinceramente, eu sei lá. A vida acaba. Ela não é eterna. Cada um de nós vai morrer e isso é certeza. Então muita coisa muda de significado. É como se tomássemos consciência de que temos um recurso finito para administrar. Usar um pouco por vez para que não falte lá na frente? O detalhe é que a data de término do pacote de biscoitos é surpresa! Não dá pra saber se comer um quarto de biscoito por dia garantirá termos biscoitos até o dia da despedida. Sabe lá Deus que dia é esse. Quem sabe morre, como diria minha família bahiana. Xiii. Aí complicou tudo. Já que é trapaça, então que seja divertida. Dar risada das próprias falhas e dos sucessos alheios deve ser um bom começo.

Tetê

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Vida de quem confia!

Uma árvore não fica bonita e frondosa do dia para a noite. Assim como a árvore o sucesso de cada um de nós também precisa de paciência, zelo e de um monte de coisas pequenas reunidas. Estou fazendo um MBA  e numa das primeiras aulas fizemos uma série de testes para sabermos que estilo de personalidade temos e como nos comportamos ao tomar decisões. O meu resultado tem que ter cura, senão tô lenhada. O hedonismo e estilo de vida predominam. Eu amo trabalhar, alcançar resultados bons, fazer diferença na minha sociedade, para a minha comunidade e ser feliz. Eu sou completamente apaixonada por ser feliz. Bye bye tristeza e não precisa voltar! Eu não tô aqui pra sofrer. Se sofrimento batesse meta, desse resultado, virasse a mesa, até que eu toparia sofrer. Mas gente feliz, bem resolvida e muito bem amada é quem dá resultado. Gente reclamona, sem foco, sem objetivo e que se vitimiza o tempo todo pesa. E pesa no ombro de uma forma que nem os nomes esquisitos das posições de yoga que a minha amada professora ensina dão jeito. Lembra da árvore lá do começo da história? Ela cresce! E fica bonita! Nem que seja aos trancos e barrancos. Tem que ter paciência e confiança nas pessoas e na vida. Um dia desses me deparei com uma definição bárbara de confiança. Confiar é acreditar que má fé não estará presente. Má fé é querer sacanear, puxar o tapete, querer que alguém não avance, não progrida, não seja feliz. Eu nunca quis que ninguém não fosse feliz. Nunquinha. Nem o cidadão que se jogou no meu colo depois de ter quebrado o vidro do carro e se esticado todo nos bancos para pegar minha bolsa. Nem a ele desejo infelicidade, até porque acho que felicidade mesmo é o que lhe falta. E quer saber do que mais? Ele também não deve desejar que eu seja infeliz. Naquele momento eu acho que ele queria resolver o problema dele. Ele escolheu formas bem longe de serem idôneas para isso, mas será que tudo que ele mais quis foi me ferrar? Ele não sabe quem eu sou e eu poderia ser qualquer pessoa que tenha uma bolsa que aparente ter uns trocados, um celular que passa dedinho e um cartão de crédito dentro. Eu confio tanto na vida, mas tanto, que não tenho nadica de nada para reclamar. Eu já tenho por perto tudo que me faz feliz. Uma carreira da qual eu me orgulhe, amigos de verdade, sejam eles parte da minha família ou agregados e um grande amor pra vida toda. Força, garra, fé e confiança na vida!

Tetê


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Retrato escrito

Cochilei no colo do meu amor e sonhei que estava dando banho na minha avó Margarida. E a casa toda foi cenário do meu sonho. O banheiro da banheira, com o piso avermelhado e se eu não estou enganada, um armário embutido à moda antiga lá dentro. A janela desse banheiro dava para o tanque que era pareado com a mesa de jantar da varanda e essa tinha a vista do quintal como um plus. Do quintal se via a antiga morada dos passarinhos do Tio Izidoro e lá tinha uma espécie de muretinha aonde eu lia meus livrinhos da escola vendo o pé de chuchu e para descansar os pensamentos pegava um raminho para fazer pulseirinha. E quando queria aventura era só atiçar os cachorros do vizinho que sempre me pareceram ser enormes, com dentes grandes e baba de raiva, mas até hoje eu nunca os vi. Só tinha medo que eles conseguissem pular o muro e me comessem viva. Mas eu saia correndo e ia me ralando toda pelo vão mais estreito que eu já vi de perto até chegar de algum jeito no jardim da frente, pular o muro sem cair pelas escadas e me dar conta que estava sã e salva no portão que dava pra rua. Tragédia mesmo era quando o portão estava trancado e tinha que pular o muro da rua sem ninguém perceber para entrar pela sapataria, pedir benção pro Tio Zé na maior cara dura e seguir para a entrada da cozinha como se nada tivesse acontecido.

Legal também era brincar de floresta no quintal dos fundos. Aquilo era um mato a ser desbravado. Achar joaninha e tirar as asinhas pra fazer corrida delas no tanque com água, encher o balde de jabuticaba tirada do pé e balançar o pé de coeté. Hum, me esqueci se é esse mesmo o nome da fruta, mas era uma bem pesada que sempre nos diziam que se caísse na cabeça matava. Não que quiséssemos que alguém morresse, mas a garotada sempre teve curiosidade para saber se dava pra deixar tonto.

E nada como ganhar no par ou ímpar para dormir no quarto da frente que dava pra rua! Poder olhar na fresta da janela e ver os primos mais velhos da casa da Tia Cica namorando não tinha preço. E quando tinha festa então! Ficávamos ali espiando tudo que rolava lá no mundo dos primos mais velhos.

Eu me lembro que quando chegávamos de madrugada de São Paulo, a chave estava escondida no vaso do alpendre. Entrávamos pelo quarto da frente, passávamos pela sala enorme, com o sofá grande embaixo do quadro da bisa e do biso e com as poltronas laterais, sem esquecer da TV de tubo e o relógio tic tac de pezinho que estavam sempre lá, na estante da sala. Íamos com pés de pano até o corredor. A intenção era não fazer o piso de madeira ranger para não acordar vovó.

A mesa da sala já estava sendo posta com o café da manhã pela Dinha. E aí todo mundo que estava por perto ia nos ver. Tomávamos café juntos e as tias colocavam a conversa em dia. Na hora do almoço era hora de ir pra cozinha, pegar panelas na dispensa, banha de porco pra esquentar e couve no quintal para fatiar bem fininho.

Pra terminar a festa, Tio Zé fazendo o cigarro de palha no alpendre e Tio Vivaldo cascando laranja sem ferir para a garotada toda marcam minha memória.

Lembranças que me fazer sorrir sem que ninguém que esteja a minha volta entenda nadinha de nada.

Tetê

quarta-feira, 19 de março de 2014

Beijinho no ombro!

Desde que tirei férias de mais dias do que minha terapeuta tenha entendido como suficiente para não se distanciar muito da realidade, tenho tido vontade de escrever. As vezes para mim parece que escrever significa mais do que falar sem ter o olhar direto, contar com muitos detalhes e ter que administrar a falta de paciência do ouvinte, transparecer um entusiasmo que pode ser facilmente confundido com ansiedade. Escrever, para mim, é bem próximo de esvaziar a alma. O intuito é enchê-la novamente. E esse jogo me faz bem. Hoje escrevi um e-mail profissional com uma frase quase poética que soou até bem. Eu disse que o comodismo por muitas vezes suprime o medo dos riscos que a ousadia do agir que transforma pode trazer. Sendo sincera, as palavras não foram as mesmas, no entanto a mensagem em nada difere. Ultimamente meu medo de riscos tem sido muito relacionado com os devaneios da minha mente. Morar naquela casinha dos meus desenhos de infância, com um riacho no fundo, muito parecido com a casa da Dinha no Fundão, levar meu filho tão amado e ainda não concebido de bicicleta pra escola igualzinho o Lino faz com o Felipe, me aventurar nas trilhas da vida para tomar banho de cachoeira assim como o meu amigo Jonathan faz quando não dá preguiça de pegar a bike na casa do carrro. Tudo isso é parte do meu mundo imaginário que tem algum espaço na minha mente, mas que é frequentemente acotovelado pelos minha vontade de crescimento profissional, pelo meu desejo de conhecer a Ásia e Austrália e pela minha lembrança quase que vaga, que tudo isso custa algumas boas porcentagens do meu décimo terceiro juntinho com o bônus do final do ano. Vida real pode ser vida. Vida do sonho também pode ser vida. Vida é coisa que passa, mas antes que se desfaça apresenta um processo até que duradouro para que possamos escolher, viver, nos aventurar, parar de reclamar, fazer, acontecer e se jogar! Arrasa Tereza, como diria meu tão admirado e competente colega de trabalho Daniel.

Bora ser feliz minha gente! Certeza absoluta da vida é a morte! Então aproveita e beijinho no ombro!

Tetê

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Amor maior do mundo.

Hoje eu passei o dia no melhor lugar do mundo. E olha que eu já visitei lugares à beça. Já morei no sul e no nordeste, nasci no sudeste e visitei algumas partes de alguns outros continentes. Viagens são geralmente inesquecíveis e nos fazem passar por experiências e conhecer pessoas que nos trazem felicidade. Ontem fiquei doente e precisei de cuidados médicos e de apertar a tecla "pause". Hoje eu tive o olhar, o amar e o zelar da minha mãe. O colo dela é o melhor lugar do mundo. E eu tenho a benção de ter o melhor lugar do mundo bem perto de mim. Sem palavras pra dizer o quanto eu te amo e o quanto sou grata por você existir e ser minha tão amada mãe. #amormaiordomundo

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Passou!

Foi assim, como um passe de mágica e tudo passou! E acredite, nada mesmo é do dia pra noite. Essa frase de mãe faz todo sentido quando já temos uma idade mínima pra ser mãe e filha tudo ao mesmo tempo. Idade de coração, de alma e muito menos cronológica do que hormonal. É desamarrar o que está dado nó, puxar o fio do embaraço daquele novelo guardado lá no fundo da gaveta com cheiro de pó, de dó, de coisa esquecida. Não dá pra fazer drama sempre, nem pra fingir que não é com a gente o tempo todo, mas também não dá pra ser feliz levando a vida a ferro e fogo. E o que será que deva ser esse tal de levar a vida a ferro e fogo? O que será que signifique essa coisa de relevar, de oferecer a outra face, de não se importar de verdade, lá do fundo da alma? Acho que isso também só dá pra saber depois dos trinta e aposto que tem muita gente achando trinta pouco demais pra isso tudo. Inédito! Esperar sempre foi totalmente fora dos planos e agora é parte da rotina, é parte do processo de viver sem suspirar, sem apertar o peito, sem sufocar o sonho, sem atropelar o pensamento, sem querer que chegue logo, que acabe logo ou que permaneça para sempre. Esperar é se entregar de verdade e ter tanta certeza que o endereço de destino da correspondência não estava equivocado e dormir. E mais que dormir é sonhar que aquela carta que você escreveu e endereçou vai chegar exatamente no endereço colocado na parte da frente do envelope. Pode chegar atrasada, molhada, aberta, rasgada, mas dificilmente não irá chegar. E se extraviar, que seja parte de uma experiência que, mesmo frustrada, seja vivida, percebida, curtida e entregue ao destinatário da mensagem. Não mande nem receba cartas em branco e muito menos escreva qualquer coisa, só pra dizer que escreveu. O caminho pode ser longo, a espera demorada e a ansiedade para ler a mensagem deve ser bem maior do que a sensação de ler só pra dizer que leu.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Bracinhos pra cima

Um dia desses vi o João Victor dormindo com os bracinhos pra cima. Esses dias minha tia me disse que quando o cãozinho de estimação está com as patas pra cima e de barriguinha pra cima é porque está confortável naquele local.  Será que tem alguma relação? Será que o pequeno João Victor está confortável em seu lar assim como a Ciça se sente a vontade ao brincar com Vivi? Certeza absoluta eu acho que nunca vou ter porque a Ciça não teria a mínima paciência em me responder e a Vivi tem coisa muito mais importante na vida do que tentar me explicar esse tipo de coisa. Nem vale a pena mencionar João Victor, já que ele tem uma percepção tão menos complicada da vida e tão mais inteligente da sua própria existência e comportamentos que não seria sensato destinar qualquer tempo dos seus tão bem vividos dois meses para tal indagação. Para a minha própria surpresa eu acordei essa manhã com meus braços pra cima. Com toda certeza eu me senti muito confortável em minha cama, então isso poderia até comprovar a teoria. Mas será que a vontade de continuar no conforto da minha cama, na segurança do meu quarto escuro também justifica a minha insegurança em enfrentar o mau humor, as lamentações, as mudanças de planos, as infidelidades do mundo que roda como um peão aí da janela pra fora? Levantei e tomei um banho com o esfoliante com perfume de açaí que sempre me faz renascer. Parece que tudo ficou muito mais claro. Pegar o ônibus, o metrô, o ônibus de novo, chegar no trabalho e seguir a vida. Chegar em casa, jantarzinho com vinho e muito amor, sonhos, acertos, lembranças, inspirações e desejos fazem  uma boa noite como prévia de um dia que vai se reiniciar. E se, com muita sorte, eu acordar novamente com os braços pra cima, enfim irei acreditar na teoria dos cães, me convencendo então, de que o meu apartamento no centro da São Paulo de tantas opiniões, abrigue o meu conforto e minha sensação de segurança. Se Ciça pudesse ler talvez ela concordaria comigo em gênero, número e au.