quarta-feira, 16 de julho de 2014

Vida de pombo

Tem coisas que já aconteceram milhares de vezes, mas num belo dia aquilo chama a atenção de uma forma diferente. Um dia desses eu estava dirigindo e reparei no vôo raso e desesperado de um pombo que antes de notar que havia um pneu prestes a atropelá-lo caminhava tranquilamente pelo asfalto. O mais incrível é que pombo insiste em ficar na rua. Pensei em algumas teoria para justificar essa preferência, mas elas não se sustentaram. A probabilidade de encontrar migalhas na calçada é maior do que no meio da rua, um pisão de um pedestre parece menos assustador do que o peso de um carro e nem eu preciso atravessar de um lado pra outro com tanta frequência.
Nada disso teria qualquer importância se eu não tivesse por alguns segundos me colocado no lugar daquele pássaro renegado. Eu me exponho ao perigo o tempo todo porque gosto da adrenalina do inesperado e me encanta correr riscos sem consequências.
Até hoje meus vôos rasos não me causaram grandes prejuízos. É bem verdade que eles se tornaram bem menos frequentes nos últimos anos, mas ainda assim, surgem inesperadamente e tanto satisfazem uma atração pelo desconhecido, como deixam cicatrizes pela escolha de não optar por ir e vir na calçada.

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