quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Eu não sei o nome dele

Ele é lindo, mas estava chorando. Estava cansado porque acordou cedo hoje e foi de ônibus para a sessão de fisioterapia que fica na Barra Funda em São Paulo. Ele esticou os braços na fisioterapia, esticou as pernas e tudo isso cansa. E é por isso que ele começou a chorar. De um jeito engraçado, até. Como se quisesse falar. Falar ele não consegue. Andar também não. Ele usa uma cadeira de rodas que parece deixar o cobrador do ônibus bem preocupado. Tal preocupação fez com que o senhor gritasse para o motorista. Era um aviso. Anunciava que o ônibus não tinha mais espaço para cadeirante. O dono da cadeira tem quatro anos. Alguém diz que ele é o companheiro da mamãe. Esse mesmo alguém diz que é bom que ele tenha um irmão mais velho para ajudar a mamãe. E ainda complementa com um exemplo de sucesso de uma criança com sequelas que evoluiu muito com a força de vontade que tem para jogar bola. A uma certa altura do meu pensamento a mãe avisa ao motorista que vai descer no próximo. Seria menos complicado descer se as pessoas que estivessem com o olhar perdido percebessem que cadeira de rodas não se espreme para conseguir passar por entre elas no corredor. A ideia de descerem do ônibus para dar espaço para a cadeira passar, tarda mas não falha. Ele se vai e fica o conselho. Temos que agradecer todos os dias ao Senhor Jesus por estarmos vivas, por termos dois braços e duas pernas. A receptora da mensagem parecia bem entretida com o cabelo pra fora do chapéu para conseguir ter feito mais do que dar ouvidos à sua mãe. Hora de descer do ônibus e almoçar no restaurante chinês em frente ao ponto. Eu não precisei me espremer para passar no corredor porque o ônibus não estava lotado, mas bem que as rodas da cadeira seriam mais ágeis do que eu ao descer a rua. Quanto a agradecer o Senhor Jesus, ele deve se lembrar disso todos os dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário