O nome dele é Manoel Lucas e o dela é Eulália. Eles estão
juntinhos porque tem o cantar e dançar em comum. E não tenho dúvidas de que o
gostar em comum une muito as pessoas. Encontrei
ela ao lado da cama dele no Cruz Azul. Manoel me ensinou com sua experiência
de vida octagenária que quando a gente se interessa por alguém melhor é dar um
regalo para começar uma amizade, e foi isso mesmo que ele fez com Eulália.
Gravou um disco, imagino que colocou em uma embalagem bonitinha e deu a ela.
Ela gostou da música o suficiente para oficializar a união de dois anos ano passado. Na cama ao lado, no mesmo quarto, estava José. O amigo e acompanhante
piadista era o Japonês zoador do ambiente. Até que chega a filha do José e diz
que é maravilhoso nos encontrar por lá. Eu sempre olho no olho, pego na mão com
minhas duas mãos, fazendo sanduíche de mãos com a pessoa que estou visitando.
Falo pouco, pergunto mais, e não resisto a uma ou outra piada que surgir na
minha mente e que tiver potencial de provocar sorrisos e quiçá gargalhadas. Consegui algum sucesso nesse quesito humorístico nessa visita e, acima de tudo, muita
satisfação com o rosto de “fica mais um pouco” que o querido Manoel fez e deixou claro verbalmente logo em seguida.
O nome dela é Sônia e a mãe dela é a Lídia. Sônia nunca
andou e hoje em dia faz tratamento pro câncer dela que surgiu agora quando ela
está prestes a completar 60 anos. Ela tem três filhas, a Maria, a Joaquina e a
Pietra. São três bebês bonecas que ficam em um berço que os enfermeiros
carregaram da ala da maternidade do hospital. Pietra falou no meu ouvido que
queria colo de mãe e avisei Sônia que me ordenou a pegá-la e colocar no seu
colo. Sônia tem suficiente lucidez para se entristecer por não poder mais dar
de mamá para as filhas porque o câncer a levou um seio. Lídia sempre trocou as
fraldas da Sônia e imagino que deva ser um pouco grata por ter netas que
colaboram evitando a necessidade de fazer o mesmo como avó. Eu já estava
pensando que era hora de me despedir de Lídia e de Sônia quando retornei pra
atender o pedido da jovem mãe de três para ficar com minha tiara rosa de
corações suspensos dançantes. Os meus dois corações rosas do alto da cabeça
ficaram na cabeça dela e depois foram retirados para que Lídia guardasse,
conforme o líder do grupo pediu. E Lídia, como é bem típico das mães, falou pra
Sônia me agradecer por ter tirado a tiara da cabeça para dar a ela. Ela
agradeceu com o retorno do meu "eu te amo, é isso que está escrito aqui no coração rosa" dizendo "eu é que amo você". E eu disse que eu também a amava porque não tenho motivo nenhum para não amar a Sônia. Ela também não tem nenhum motivo para não amar. Ela me contou que uma certa vez um cantor com violão foi lá no quarto dela e ela gosta muito de música e pra demonstrar que as pessoas amam sim, ela cantou um sertanejo com sofrimento, amor e dor do começo ao fim. Foi lindo.
O nome dela é Natália porque segundo a mãe dela Natalina é diminutivo e pra quem nasceu no dia de Natal opção melhor que se chamar Natália não haveria. Durante a visita deu para saber algumas coisas sobre ela. Ela vendeu a casa de São Paulo e comprou casa em Ubatuba e se mudou pra lá. Comprou também terrenos para construir as suítes que atualmente o filho dela aluga e ela fica com a grana. O filho dela não estava lá para confirmar a informação. Eu disse que iria aceitar o convite de me hospedar nas Suites Sweet e de brinde almoçar de graça na casa dela porque eu tenho jipe e amo cachoeiras e picos bonitos. Ela me disse que anda de caiaque mas para andar com ela eu teria que levar o meu, compromisso que já firmei, é claro. Quando ela me perguntou em quantos eu sou, eu disse eu e mais um e para ela era bom que fosse mais um mesmo porque assim é que tem que ser. Eu já tenho parceira para viajar pelo mar dentro de um caiaque que com certeza vai me convidar a me perder dentro de mim mesma.
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